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Burnout: como reconhecer os sinais antes que seja tarde?

01 de Julho de 2025

Burnout: como reconhecer os sinais antes que seja tarde?

Era só cansaço… ou não?

Joana, 34 anos, enfermeira numa unidade de cuidados continuados, sempre foi conhecida pela dedicação ao trabalho. Chegava antes da hora, saía depois, sorria mesmo nos dias difíceis. Até que um dia, parou de sorrir. Os pequenos esquecimentos tornaram-se frequentes, o entusiasmo desapareceu, e uma exaustão inexplicável tomou conta dela. Quando finalmente procurou ajuda, o diagnóstico foi claro: burnout.

A Joana não está sozinha. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o burnout como uma síndrome ocupacional resultante de stress crónico no local de trabalho que não foi gerido com sucesso. Em Portugal, segundo a Ordem dos Psicólogos, mais de 25% dos profissionais de saúde apresentam sintomas graves de esgotamento mental.

O que é o Burnout?

O burnout não é apenas “cansaço”. É um estado de esgotamento físico, emocional e mental causado por exigências prolongadas e excessivas no trabalho. Quando ignorado, pode afetar gravemente a saúde física, mental e até as relações pessoais.

Segundo Christina Maslach, referência mundial no estudo do burnout, existem três dimensões principais:

  • Exaustão emocional – sensação de estar “esvaziado”, sem energia para lidar com o dia a dia.
  • Despersonalização – afastamento emocional, cinismo, perda de empatia.
  • Redução da realização pessoal – sentir que o seu trabalho não tem valor ou impacto.

Sinais de burnout: o corpo fala… e grita

Reconhecer os sinais de burnout precocemente pode ser a diferença entre recuperar com apoio ou colapsar completamente.

  • Fadiga persistente, mesmo após dormir bem
  • Dificuldade de concentração e memória
  • Alterações de humor, como irritabilidade ou tristeza
  • Isolamento social e afastamento de colegas ou familiares
  • Sensação constante de incompetência ou fracasso
  • Problemas físicos, como dores de cabeça, insónias, tensão muscular e alterações digestivas
 Estudo publicado no “Journal of Occupational Health Psychology” mostrou que profissionais com burnout têm risco até 2,5 vezes maior de desenvolver depressão clínica. 

Grupos de risco: quem está mais vulnerável?

Embora qualquer pessoa possa sofrer de esgotamento mental, alguns grupos apresentam risco acrescido:

  • Profissionais de saúde, educação e serviços sociais
  • Gestores e líderes com jornadas extensas
  • Trabalhadores em ambientes tóxicos ou sem reconhecimento
  • Pessoas altamente perfeccionistas ou com dificuldade em impor limites

Como prevenir (ou travar) o burnout?

A boa notícia: burnout pode ser evitado — e tratado. Aqui estão estratégias baseadas em evidência:

  • ✅ 1. Falar é o primeiro passo

    Procure ajuda psicológica ao menor sinal de esgotamento. A terapia cognitivo-comportamental tem excelentes resultados.

  • ✅ 2. Reorganize prioridades

    Nem tudo é urgente. Aprenda a dizer “não” e a definir limites. A produtividade real começa no descanso.

  • ✅ 3. Estabeleça pausas e microférias

    Desconectar-se é fundamental. Uma pausa de 10 minutos a cada 90 de trabalho melhora o foco e a saúde mental.

  • ✅ 4. Pratique autocuidado

    Alimentação equilibrada, atividade física e sono regulado são aliados poderosos na prevenção.

  • ✅ 5. Reduza o perfeccionismo

    Aceite que o “suficientemente bom” é muitas vezes melhor do que o “ideal inalcançável”.

Final inspirador: da exaustão ao recomeço

A Joana iniciou acompanhamento psicológico, negociou uma carga horária reduzida e voltou a ouvir o próprio corpo. Hoje, é também ativista da saúde mental na Misericórdias Saúde. A sua história lembra-nos que cuidar dos outros começa por cuidar de si mesmo.

Conclusão: escute os sinais antes do colapso

Ignorar os sinais de burnout é como conduzir com o carro a fumegar e não parar. O esgotamento mental é sério, silencioso e, por vezes, devastador — mas com atenção, empatia e ajuda certa, é totalmente superável.

Cuide de si, hoje. O seu bem-estar é a base da sua saúde e da sua capacidade de cuidar dos outros.

💬 Se sentiu que este artigo “falou consigo”, partilhe com colegas e amigos. Pode ser o alerta que alguém precisa.

Artigo publicado por Misericórdias Saúde – promovendo saúde mental e bem-estar para todos.


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